quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Salvem os banheiros públicos


Ensinam os especialistas em marketing que o banheiro não é razão para alguém escolher um lugar para ir, mas encontrar um toalete sujo é o suficiente para uma pessoa nunca mais voltar a um estabelecimento. Nesse sentido, sanitários públicos poderiam ser indicadores da capacidade de recepcionar turistas. Veja por exemplo Gramado, referência para aqueles que visitam o Rio Grande do Sul a lazer. Alguém já ouviu reclamação quanto aos banheiros de lá? Pelo contrário, o asseio é uma de suas marcas, assim como o respeito à faixa de pedestres, para citar outro sinal de civilidade presente na serra gaúcha.

No entanto, constata-se que latrinas limpas são espécies raras em outras cidades turísticas do Estado. É o caso de Capão da Canoa, município do litoral norte que desde 2008 se tornou símbolo da preservação ambiental por causa de suas corujas. Sob o ponto de vista estatístico, tende a zero a possibilidade de encontrar-se um banheiro apropriado para o uso na orla. Incluem-se aí os equipamentos móveis denominados ecológicos. O irônico é que quem ousa abrir a porta de qualquer um deles pode pensar que armas proibidas até em guerras chegaram aqui ao ser atingido por odores pútridos e pelo visual grotesco.

Pode-se alegar que ao menos existem esses banheiros. Antes disso - tentando evitar a escatologia - dir-se-ia que o “número um” era reservado para o mar e o “número dois” para os cômoros. Apesar de ecologicamente errado, duvida-se que a primeira alternativa tenha terminado e a segunda só acabou porque esse local está em extinção. E talvez essa fosse ainda uma opção mais tolerável para a integridade do cidadão do que entrar nos sanitários móveis de hoje. Será essa outra razão para Fepam lutar pela recuperação das dunas?

Por outro lado, haverá quem diga que dada a característica do que se faz nas latrinas de modo corrente é natural que o resultado seja desagradável. Concorda-se, mas água, sabão e desinfetante de vez em quando poderiam amenizar essa situação. A questão é que, como tudo na vida, bastaria um pouco de boa vontade para melhorar isso. Gramado consegue, por que Capão não? As corujas já garantiram seu espaço. Agora, salvem os banheiros públicos. A natureza humana vai agradecer.

* Publicado em A Razão, 05 de fevereiro, na Gazeta do Sul, 07 de fevereiro, no Diário Popular de Pelotas, 10 de fevereiro, em O Correio de Cachoeira do Sul, 12 de fevereiro, e no Diário de Canoas, 13 de fevereiro de 2009.

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