domingo, 2 de março de 2008

Falta Big Brother no Brasil

O oitavo Big Brother Brasil é a Geni do verão. Na falta de assunto, jogam pedra no BBB. Enquanto uns só falam de defeitos, eu prefiro ver suas qualidades.

O programa é uma oportunidade para acompanharmos as fraquezas dos nossos heróis. Ícones da beleza atual, siliconadas e tatuados naturalmente seriam invejados aqui fora. Mas poucos resistem à máxima "de perto ninguém é normal". Ou seja, são iguais a nós.

A dinâmica do show é pura democracia. Há um novo líder a cada semana. Não se esperam quatro ou oito anos para que ocorra a alternância de poder. E o jogo tem a permanente mediação do jornalista Pedro Bial, um dos mais preparados da área. Porém, ele tem sido a Geni da Geni. Para alguns, ele também é feito para apanhar. Criticam-no até por citar Fernando Pessoa. Quem dera poesia fosse presença constante na tevê brasileira. Tudo valeria mais a pena.

A catarse do BBB é o paredão com a decisão da audiência a respeito de quem deve sair. O caráter dos confinados é julgado de forma rápida, satisfazendo a carência dos espectadores por uma justiça ágil.O fato é que, se as regras do programa fossem aplicadas em outros âmbitos, o país estaria melhor. Que se começasse pela instituição menos confiável de acordo com a opinião pública: o Congresso Nacional. Imagine câmeras acompanhando 24 horas os parlamentares com microfones pendurados no pescoço. Quanta coisa se descobriria. Ou deixaria de ocorrer.

Trocando o líder toda semana, conheceríamos todos os severinos. Com um Bial provocando os participantes, máscaras cairiam. Nas terças, quando os congressistas retornam a Brasília, haveria sempre um concorrido paredão. Logo, os 300 sobre os quais Luiz Inácio falou estariam reduzidos a menos de uma centena. Quando senadores se tratassem por safado ou vagabundo, as batatas deles seriam colocadas para assar. O povo decidiria quem sai do jogo por telefone ou internet. Mais célere que a urna eletrônica.

Sob essa lente, o reality show da Globo demonstra como é necessário o espetáculo de realidade para as nossas instituições. Por isso afirmo: falta Big Brother no Brasil.

* Publicado em Zero Hora, 1º de março de 2008.

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