segunda-feira, 10 de março de 2008

Isole o local de crime

As suposições se iniciaram com o sumiço de equipamentos da Petrobrás. Quem surrupiou desconhecia o valor ou foi uma ação de agentes secretos? Furto comum ou filme de 007? Trombadinhas ou espionagem industrial?

Essas especulações ficaram livres até que a investigação fosse concluída. Enquanto isso, se ficou na dependência das poucas pistas disponíveis. No entanto, menos hipóteses teriam sido criadas se uma singela providência tivesse sido adotada: o isolamento da cena do crime.

De acordo com o perito federal Isaque Martins, no caso da Petrobrás isso não ocorreu. Debater porque não foi realizado de pouco adianta. Mas falar do assunto é importante para que se crie a cultura da preservação dos locais de delitos no país.

As arrojadas técnicas vistas em seriados policiais como rotineiras nos Estados Unidos estão disponíveis e são utilizadas no dia-a-dia brasileiro. Lá elas têm mais êxito principalmente devido à conservação das áreas investigadas, além de haver um menor volume de ocorrências para se enfrentar.

Hoje, o Brasil conta com sistemas automatizados de identificação de impressões digitais, como, por exemplo, na Polícia Federal (com possibilidade de uso nos estados). No campo da biologia molecular, existe uma rede crescente de laboratórios forenses realizando exames de códigos genéticos em vestígios de crimes. Como referência na área há o Instituto-Geral de Perícias gaúcho que domina análises avançadas de DNA.

Para que isso funcione, uma medida simples deve ser observada. Constatado o delito, o isolamento deve ser imediato. Essa é uma obrigação das forças públicas e dos cidadãos. Depois, só a perícia deve ter acesso, permanecendo o local assim até que tudo seja averiguado. Essa ação oportuniza uma maior resolução de crimes, como tem ocorrido gradativamente no Rio Grande do Sul desde 2003, quando essa preservação passou a ser regra.

Voltando à Petrobrás, já se sabe que ocorreu um simples furto. Felizmente, palpites e criminosos não estão mais soltos. Que fique a lição. Menos questões de Estado, menos opiniões. Mais isolamento dos locais de crime.

* Publicado no Diário de Canoas, 08 de março de 2008.

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